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Marcos Vinicius Lourenço Berardinelli

Elementos em extinção

Falamos muito de espécies vivas ameaçadas de extinção, mas já ouviram falar que elementos químicos estão ameaçados de "extinção"? Na tabela abaixo, produzida pelo ACS Green Chemistry Institute, podemos ver que alguns elementos estão em risco.

Figura 1. Elementos com perigo de extinção. Em amarelo, disponibilidade limitada. Em laranja, aumento do risco pelo aumento do uso. Em vermelho, Ameaça séria nos próximos 100 anos. Fonte: American Chemical Society, ACS.

Elementos químicos são extraídos de fontes minerais não renováveis, ou seja, impossíveis de repor. Algumas dessas fontes são o petróleo, minérios, gáses naturais, os quais precisam de milhões de anos para serem formados. Desta forma, toda vez que a humanidade encontra uma nova aplicação em massa pra algum elemento, um contador regressivo é colocado sobre ele.

Alguns desses elementos, como o índio, o gálio e os metais preciosos, como ouro, platina e ródio, estão ameaçados porque, para começar, já eram raros em abundância na crosta terrestre. E quando a gente encontra muitos usos para eles, a situação escala de uma forma muito rápida devido aos padrões de consumo atuais.

Figura 2. Atualmente, há a produção em massa de praticamente tudo. Na foto, o exemplo de uma linha de produção de carros.

Essa possível extinção de elementos pode trazer alguns problemas futuramente, como o aumento de conflitos entre países que possuem reservas de tal elemento e países que não possuem, além do problema ambiental que já se mostra presente pois, quanto mais raro um elemento se torna na natureza, métodos cada vez mais agressivos de extração são utilizados para sua obtenção. O garimpo de ouro, que utiliza mercúrio e cianetos, é um exemplo, como também a mineração de toneladas e toneladas de solo para conseguir gramas de algum metal.

Para tentar resolver esses problemas, existe uma área da química, relativamente nova, que é chamada de química verde. Essa área, definida pela primeira vez em 1991 por John Warner e Paul Anastas, busca diminuir ou eliminar o uso de substâncias que promovem poluição, bem como recuperar a qualidade do meio ambiente. Existem alguns princípios da química verde, entre elas está a proposta para o desenvolvimento de materiais alternativos para as mesmas aplicações, que se baseiem em fontes mais abundantes, além de propor o uso inteligente daquilo que já foi extraído da natureza: o reciclo de elementos e o reuso extensivo de materiais já prontos. Esse é um desafio para químicos e cientistas de materiais, frente aos problemas ambientais num futuro próximo.

Figura 3. Os 12 princípios da Química Verde. Fonte: Cordeiro, 2018.

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